02/12/2015

O umbiguismo dos movimentos sociais como linha auxiliar do Sistema


Para não me estender muito e para maior entendimento de todos procurei ser o mais didático possível.

Qualquer pessoa que saiba o mínimo sobre o Marxismo já é capaz de enxergar que as opressões existentes provém do próprio Sistema. Aliás nem precisa ser marxista para entender isso, basta ter noção sobre o estruturalismo. Ou seja, o "sistema" de opressões está interligado à estrutura e não aos indivíduos. Assim sendo, já temos ideia da extrema ineficácia de se combater indivíduos homens, brancos, heterossexuais,etc. e não a estrutura.

O único caminho de se derrubar as opressões é lutar contra o Sistema. Quero deixar claro que isso não significa que a queda do sistema fará com que as opressões (machismo, racismo, homofobia e afins) sumam completamente, num passe de mágica, mas sim que é um passo essencial rumo a isso. O Sistema, por sua vez, não é algo simples e fácil de se derrubar. Bem longe disso. Ele é formado por poderosos que possuem um grande acúmulo de fortuna. Quem tem muito dinheiro tem o direito até mesmo de um exército particular. Pior do que isso, tem o poder de influenciar, ou melhor, alienar os próprios servos que são explorados e ao mesmo tempo ensinados a serem gratos por conta das migalhas recebidas e um falso sonho de crescimento e enriquecimento futuro.

Como lutar contra esse Sistema poderoso? Com a união de forças, não é mesmo? Mas o que temos hoje são movimentos sociais sectarizados, sem o mínimo conhecimento da questão de classe social. Integrantes do movimento negro estão mais preocupados com brancos roubando seu "lugar de fala" do que em reconhecer que o racismo é estrutural, originado pela inferiorização do indivíduo negro para sua posterior exploração com trabalho escravo e estendido até a nossa realidade atual, no Brasil, com maioria de população negra e uma minoria integrando o ensino superior e posições mais favorecidas nas empresas. O movimento feminista atual está, por sua vez, preocupado em considerar a vivência como única fonte da verdade e elemento essencial para o direito de debate - excluindo homens em discussões e, pasmem, combatendo até mesmo os homens que apoiam o movimento -além da incompreensível paranoia com relação ao protagonismo e esquece que o machismo foi impulsionado pelo patriarcalismo (uma essência do Sistema) e até a vertente radical, que se intitula como materialista, parece se preocupar mais em gritar pra todo mundo ouvir que transexual não é mulher e que por isso não possui lugar no movimento. O movimento LGBT é o que mais me preocupa, visto a falta de conhecimento total sobre o estruturalismo. Não é raro de se ver LGBT's ironizando pessoas de classes sociais menos favorecidas e ostentando bens de consumo de alto valor em busca da autoafirmação social. Ao movimento seria interessante a simples reflexão de que a homofobia sempre foi impulsionada pela igreja, esta que na História sempre foi braço fundamental do Sistema. O Sistema se beneficia disso até mesmo na modernidade, visto que a homossexualidade mais aceita nos dias atuais favorece campanhas de grandes empresas que vendem a imagem de gay-friendly em troca de lucros ainda maiores. Como nada é tão ruim que não possa ficar pior, militantes do movimento LGBT também estão adotando a prática do 'sem vivência, sem fala', além de fazer campanhas totalmente errôneas, como fiscalizar com quem as pessoas andam se relacionando intimamente, como se atração física fosse resumida a simples construção social.

Debates virtuais e nos próprios espaços acadêmicos se transformaram em shows de umbiguismo. "Cuida do seu movimento, que cuido do meu", "você não tem vivência, fique calado", "não preciso do seu apoio". Esse egocentrismo que assola os movimentos sociais produzem uma equação simples: mais sectarismo = maior enfraquecimento. E quando se fala em sectarismo não se fala somente entre o distanciamento dos movimentos feminista, negro, LGBT entre si, mas também de subdivisões dentro dos próprios movimentos.

E sabe quem é o único beneficiado com isso? O próprio Sistema. Ele tem o dom de transformar seus inimigos em aliados. Portanto, ao invés de você achar que está abafando mandando "macho chorar" ou branco reconhecer seu lugar de fala, saiba que na verdade você é apenas mais uma linha auxiliar do Sistema e que todo seus "esforços" são extremamente inúteis.

Para se combater um problema, conhecer sua origem é essencial, assim como reconhecer que mulheres, negros, homossexuais, transexuais, bissexuais estão no mesmo barco dos homens, brancos, heterossexuais - afinal, somos todos proletários reféns de um Sistema explorador. O foco deve ser o combate ao Opressor Rei e não na medição de quem é o mais oprimido.