02/12/2015

O umbiguismo dos movimentos sociais como linha auxiliar do Sistema


Para não me estender muito e para maior entendimento de todos procurei ser o mais didático possível.

Qualquer pessoa que saiba o mínimo sobre o Marxismo já é capaz de enxergar que as opressões existentes provém do próprio Sistema. Aliás nem precisa ser marxista para entender isso, basta ter noção sobre o estruturalismo. Ou seja, o "sistema" de opressões está interligado à estrutura e não aos indivíduos. Assim sendo, já temos ideia da extrema ineficácia de se combater indivíduos homens, brancos, heterossexuais,etc. e não a estrutura.

O único caminho de se derrubar as opressões é lutar contra o Sistema. Quero deixar claro que isso não significa que a queda do sistema fará com que as opressões (machismo, racismo, homofobia e afins) sumam completamente, num passe de mágica, mas sim que é um passo essencial rumo a isso. O Sistema, por sua vez, não é algo simples e fácil de se derrubar. Bem longe disso. Ele é formado por poderosos que possuem um grande acúmulo de fortuna. Quem tem muito dinheiro tem o direito até mesmo de um exército particular. Pior do que isso, tem o poder de influenciar, ou melhor, alienar os próprios servos que são explorados e ao mesmo tempo ensinados a serem gratos por conta das migalhas recebidas e um falso sonho de crescimento e enriquecimento futuro.

Como lutar contra esse Sistema poderoso? Com a união de forças, não é mesmo? Mas o que temos hoje são movimentos sociais sectarizados, sem o mínimo conhecimento da questão de classe social. Integrantes do movimento negro estão mais preocupados com brancos roubando seu "lugar de fala" do que em reconhecer que o racismo é estrutural, originado pela inferiorização do indivíduo negro para sua posterior exploração com trabalho escravo e estendido até a nossa realidade atual, no Brasil, com maioria de população negra e uma minoria integrando o ensino superior e posições mais favorecidas nas empresas. O movimento feminista atual está, por sua vez, preocupado em considerar a vivência como única fonte da verdade e elemento essencial para o direito de debate - excluindo homens em discussões e, pasmem, combatendo até mesmo os homens que apoiam o movimento -além da incompreensível paranoia com relação ao protagonismo e esquece que o machismo foi impulsionado pelo patriarcalismo (uma essência do Sistema) e até a vertente radical, que se intitula como materialista, parece se preocupar mais em gritar pra todo mundo ouvir que transexual não é mulher e que por isso não possui lugar no movimento. O movimento LGBT é o que mais me preocupa, visto a falta de conhecimento total sobre o estruturalismo. Não é raro de se ver LGBT's ironizando pessoas de classes sociais menos favorecidas e ostentando bens de consumo de alto valor em busca da autoafirmação social. Ao movimento seria interessante a simples reflexão de que a homofobia sempre foi impulsionada pela igreja, esta que na História sempre foi braço fundamental do Sistema. O Sistema se beneficia disso até mesmo na modernidade, visto que a homossexualidade mais aceita nos dias atuais favorece campanhas de grandes empresas que vendem a imagem de gay-friendly em troca de lucros ainda maiores. Como nada é tão ruim que não possa ficar pior, militantes do movimento LGBT também estão adotando a prática do 'sem vivência, sem fala', além de fazer campanhas totalmente errôneas, como fiscalizar com quem as pessoas andam se relacionando intimamente, como se atração física fosse resumida a simples construção social.

Debates virtuais e nos próprios espaços acadêmicos se transformaram em shows de umbiguismo. "Cuida do seu movimento, que cuido do meu", "você não tem vivência, fique calado", "não preciso do seu apoio". Esse egocentrismo que assola os movimentos sociais produzem uma equação simples: mais sectarismo = maior enfraquecimento. E quando se fala em sectarismo não se fala somente entre o distanciamento dos movimentos feminista, negro, LGBT entre si, mas também de subdivisões dentro dos próprios movimentos.

E sabe quem é o único beneficiado com isso? O próprio Sistema. Ele tem o dom de transformar seus inimigos em aliados. Portanto, ao invés de você achar que está abafando mandando "macho chorar" ou branco reconhecer seu lugar de fala, saiba que na verdade você é apenas mais uma linha auxiliar do Sistema e que todo seus "esforços" são extremamente inúteis.

Para se combater um problema, conhecer sua origem é essencial, assim como reconhecer que mulheres, negros, homossexuais, transexuais, bissexuais estão no mesmo barco dos homens, brancos, heterossexuais - afinal, somos todos proletários reféns de um Sistema explorador. O foco deve ser o combate ao Opressor Rei e não na medição de quem é o mais oprimido.

17/11/2015

Sobre a comoção seletiva

Imagem por Vini Oliveira 


Antes de mais nada é bom reforçar que não existe nenhum problema em você se comover pelos atentados em Paris. Muito pelo contrário. Não se trata também de policiar ou fiscalizar a comoção alheia. Trata-se apenas de criticar o senso comum popular e repudiar a nojenta cobertura midiática sobre o caso.

Digo isso pelo fato da mídia não fazer uma cobertura especial, por exemplo, quando atentados na Nigéria, em janeiro deste ano, mataram cerca de 2000 pessoas. Sem falar dos números ainda mais absurdos quando se trata de mortes inocentes em áreas de conflitos, como na própria Síria. Também não foram elaborados filtros com as bandeiras destes países para as fotos de perfil no Facebook. Como diz a velha citação: "A morte de um rico é uma tragédia. A de um pobre, uma simples estatística". Essa é a triste realidade. Se o atentando ocorresse em algum país fora do primeiro mundo, será que iria rolar toda essa comoção e cobertura midiática? Logicamente a resposta é não.

Charge por Vini Oliveira 


Como já abordado, o problema não é você utilizar o filtro da bandeira francesa na sua foto de perfil, até porque isso não significa necessariamente que você não se comova pelas tragédias ocorridas em outras partes do planeta, assim como não significa que quem tenha colocado filtro colorido, em comemoração à legalização do casamento LGBT nos EUA, não se importe com a fome na África (alusão extremamente patética criada por reacionários). Agora se você colocou o filtro por pura demagogia, sem, de fato, se importar com o ocorrido, para seguir a onda ou para vender uma imagem de politicamente correto, aí temos muitos problemas e nem preciso explicar os motivos. Há de se considerar ainda que muita gente é vítima da imprensa, que acaba na correria do dia-a-dia nem sabendo das demais tragédias já que as mesmas não são destacadas pela mídia.

Enquanto fizermos vista grossa a esse seletivismo midiático, estaremos fomentando ainda mais a ideia de que a morte de um rico é mais comovente do que a de um pobre. Você pode aplicar o filtro que quiser em sua foto, mas ter senso crítico e saber que o buraco é bem mais embaixo e que tem uma quantidade muito maior de pessoas morrendo em áreas menos favorecidas é fundamental.

Abaixo deixarei alguns links para quem deseja conhecer mais sobre o problema do ISIS. Muitos países do chamado primeiro mundo passam longe de serem vítimas nisso (o que, obviamente, não justifica a morte de seus respectivos habitantes).

http://g1.globo.com/mundo/siria/noticia/2014/08/franca-repassou-armas-rebeldes-sirios-ha-varios-meses.html (notícia de 2014)

http://controversia.com.br/21953

http://www.vermelho.org.br/noticia/272789-9 (WikiLeaks acusa França e Estados Unidos de alimentarem Estado Islâmico)

https://www.youtube.com/watch?v=_Zj0i_39YZw (Video do Pirulla explicando os atentados em Paris)

https://www.youtube.com/watch?v=7kVRxJWw6jM (Vídeo do Pirulla explicando o Estado Islâmico).

07/10/2015

Sobre a "VIVÊNCIA"

"Lá vem o macho branco cis falando merda... hehe"



Quem me acompanha nas redes sociais sabe que uma das coisas que mais venho criticando é a utilização de certos termos por integrantes de movimentos sociais, como vivência, por exemplo.

Algumas pessoas podem até terem interpretações distorcidas, como acharem que eu não ache a vivência algo importante. Mas ao contrário do que podem pensar, considero a vivência bastante importante.

Não vou entrar no mérito do que penso sobre os movimentos sociais, pois é um tema complexo e que renderia um textão daqueles - é melhor deixar para uma futura postagem.

Mas então, por qual motivo a vivência é importante? É uma reflexão simples: uma pessoa que vive na pobreza sabe muito bem das suas dificuldades e como é ser pobre mais do que a pessoa de classe média que se sente no direito de chamar o pobre de vagabundo, que não se esforça para ter uma vida melhor. Outro exemplo é o homossexual que diz que em nenhum momento escolheu sua sexualidade, que desde pequeno sente atração por pessoas do mesmo sexo e daí vem um heterossexual dizendo que na verdade sexualidade é uma opção

O que critico e ironizo é a maneira a qual muitas pessoas vem utilizando a palavra "vivência", colocando-a acima de conhecimento de causa (estudos, pesquisas) para desqualificar e barrar a opinião de outra pessoa, que não se encaixa dentro de tal militância. Assim, os chamados SJW (guerreiros da justiça social) criaram regras estapafúrdias do tipo:

- "Homem não pode dar pitaco no feminismo, pois ele não é mulher e não tem vivência."

- "Branco não pode dar pitaco no movimento negro, pois ele não é negro e não tem vivência."

- "Hétero não pode dar pitaco no movimento LGBTT, pois ele não é um LGBTT e não tem vivência."

Dar pitaco, nesses casos, é qualquer observação/opinião.

Lembro que o elemento vivência colabora muito para o conhecimento de causa, mas nada impede de que um branco, por exemplo, que estudou e faz pesquisas sobre o racismo, tenha bagagem suficiente para debater sobre o tema com "propriedade".

Colocar vivência acima do conhecimento de causa é irracional. E utilizá-la para blindar um movimento ou ideologia de debate é mais irracional ainda...

Imaginem os evangélicos dizendo que a gente não pode falar da religião deles por não sermos evangélicos. Ou os políticos falando que a gente não tem a vivência deles para dar pitaco no que eles fazem. Lembro também que Marx, Lênin, entre outros, não tinham a "vivência do proletariado". As obras e os feitos dos mesmos com relação aos proletários foram roubo de protagonismo? Roubo de lugar de fala?

Para concluir, deixo aqui uma dica aos paladinos da Justiça Social*: Se não quer debater(ou não tem capacidade para tal), apenas ignore a opinião de outrem. É de uma imbecilidade muito grande apelar ao Ad Hominem e usar técnicas como a da vivência para desqualificar a opinião alheia. Parem que tá feio, tá rude!


24/06/2015

O cidadão de bem

Quem é o cidadão de bem?

É geralmente homem, branco e de classe média, ou classe média alta.

É quem é contra o aborto por se dizer a favor da vida, mas defende com unhas e dentes a morte de bandidos geralmente pobres e não-brancos.

É quem acredita que a criminalidade será extinta através apenas de punição como cadeia ou pena de morte e não através de uma melhor distribuição de renda e melhorias de infra-estrutura.

É quem critica a exibição de afeto entre pessoas do mesmo sexo, mas aplaude cenas de violência.

É quem defende a família, mas agride a esposa e a chama de vagabunda cada vez que ela deixa ou demora a fazer um serviço doméstico.

É quem até mesmo trai a esposa, mas se diz contra a safadeza - muitas vezes esse termo é utilizado como sinônimo de homossexual.

É quem fica orgulhoso quando o filho de 12 anos já "comeu"  uma menina e reprime, muitas vezes até de maneira violenta, se a filha de 16 anos aparecer com um namorado.

É quem pede respeito por ser cristão, mas sequer respeita seguidores de outras religiões. Blasfêmia é inadmissível, mas chutar macumba é divertido.

É quem critica diariamente a corrupção de políticos, mas suborna, faz gato de energia e água, sonega impostos...

Todas as barbáries que ocorreram ou ainda ocorrem no mundo são feitas por aqueles que se dizem cidadãos de bem.

O cidadão de bem é aquele que explora os mais necessitados, que julga todos aqueles que não se encaixam em seus "padrões", que pratica intolerância em todas as suas formas e que chama todas as suas vítimas de inimigos.

O cidadão de bem, enfim, é o retrato de uma sociedade hipócrita e adoecida. Não é por acaso que o jornal da KKK tinha o título de "Good Citizen".






08/06/2015

As Paradas gay e o tiro pela culatra

Há muito tempo venho dizendo que as paradas gay, especialmente no Brasil, perdeu o sentido da militância pra virar apenas uma espécie de "carnaval" gay, com a grande maioria indo somente para encher a cara e passar o rodo. Me preocupo com isso? Sim. Pela questão moral? Não, não sou moralista.
O problema é mais embaixo.
Essas paradas ganham uma extrema visibilidade, principalmente quando acontecem nas principais cidades do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Como o consumo de álcool e drogas é elevado e prática de atos sexuais em áreas públicas são frequentes, tudo isso vira arma contra o próprio movimento.
Se meia dúzia de héteros praticam orgia em vias no Carnaval, por exemplo, são tratados como safados individualmente... Quando quem pratica isso são os gays, o que acontece? Somos generalizados. "Tá vendo? Querem respeito mas são todos promíscuos".
A culpa disso é dos LGBT's? Claramente não. Se a sociedade diz que não tem preconceitos, mas generaliza na primeira oportunidade, o problema claramente não é nosso. Mas como esperar que a mente retrógrada da sociedade, especialmente a parte fundamentalista dela, entenda isso?


E mesmo quando pessoas utilizam esse movimento para militar,as coisas dão erradas. Ontem, na parada que aconteceu na capital São Paulo, uma trans protestou fazendo uma metáfora com o que aconteceu, por exemplo, a Jesus Cristo, sendo crucificada. O protesto é relevante e válido, mas os fundamentalistas não perderam tempo e começaram a vender tal ato como desrespeito religioso.
Quem conhece História sabe que Jesus Cristo não foi o primeiro e nem o último a ser crucificado, porém mesmo se a intenção da pessoa foi de se colocar no lugar de Jesus, qual o problema? Aonde que isso é desrespeito? Quando acontecem peças toda sexta-feira santa, todos os atores que encenam a crucificação de Cristo estão desrespeitando a religião? Ah, esqueci, quem estava na cruz ontem era uma transexual e isso não pode! São aberrações da natureza! Nossa! E ela mostrou os peitos! Quanta ousadia... Todos nós nascemos com roupas? Ah, e não são os mesmos fundamentalistas que alegam que a homossexualidade não é algo natural? Nada mais natural do que a nudez...
Ah, também não são os mesmos fundamentalistas que desrespeitam outras religiões, quebrando santos e chutando "macumbas"? Que irônico, não? Os cristãos pedem respeito, mas eles não respeitam as outras religiões! Ahhhh, como é bom generalizar...
Mas voltando ao tema, mesmo quando o protesto é válido, toda parada LGBT vira arma nas mãos dos moralistas. É o famoso tiro pela culatra. Quando vejo gays praticando orgia nas ruas e utilizando a manifestação apenas para diversão, fico intrigado e até eu que sou homossexual falo mal da passeata. Mas quando episódios, como a da transexual ontem, acontecem, volto a acreditar na necessidade de acontecer esse tipo de evento. É nesses dias que se dá pra observar nitidamente a classe opressora se passar por oprimida. Uma pontinha de dó nasce no meu coração.

Imagem do Facebook. Fonte desconhecida.

Aos que criticaram a transexual, tente imaginar como é a vida de uma pessoa trans na sociedade. Vocês pensam que gays sofrem? A opressão sofrida por pessoas transexuais na sociedade é muito maior, muito mesmo. A maioria é expulsa de casa, não conseguem completar os estudos devido a hostilidade e sofrem marginalização no mercado do trabalho. Mas isso é apenas um resumo superficial e raso. Pesquisem e vejam como é a vida de uma pessoa transexual. Assim aposto que você irá pensar duas vezes antes de pensar em apontar o dedo para a manifestante de ontem, esteja você do lado dos religiosos fanáticos ou do próprio grupo LGBT.

01/06/2015

Filme "A Caça" e o perigo do julgamento impulsivo

Imagine a seguinte situação: uma criança de 6-8 anos de idade acusa um funcionário da escola de ter a abusado sexualmente.

Qual é a sua primeira reação? Provavelmente a revolta contra esse funcionário. Aliás essa é a atitude de praticamente todas as pessoas. Talvez a psicologia deva explicar melhor essa nossa tendência de sempre ficar do lado do mais fraco na maioria das ocasiões (isso mesmo, não é em todas, depende do construto social que vou explicar no decorrer do texto), mas como não tenho conhecimento da área, tratarei sob o aspecto  cultural e social.

Quem assistiu ao filme "A Caça" - e quem não, procure assistir urgentemente pois se trata de uma grande película -, sabe muito bem dessa situação que mencionei no primeiro parágrafo. As pessoas de uma pequena cidade do interior se revoltam contra um funcionário da creche que segundo uma criança teria a mostrado seu órgão sexual. Observamos atitudes de afastamento familiar até agressões físicas e ameaças de morte ao acusado. Com aquele velho jargão de que "criança não mente" todos nós tendemos a confiar cegamente numa criança, ainda mais quando a acusação é de abuso sexual, pois é algo tão grave que sempre mexe com o lado impulsivo do ser humano já que imaginamos que poderia ser uma criança próxima da gente.

"A Caça" (Título original: Jagten). Um ótimo filme que mostra as duras consequência de uma falsa acusação.


No caso do filme, o acusado é inocente e o diretor trabalha realmente em cima disso: deixar o expectador agonizado em saber que toda aquela reação violenta contra o protagonista desde o início da história é injusta. E essa agonia é exatamente para nos alertar que, por mais delicada que seja uma situação, jamais devemos deixar nos mover pela impulsão e senso comum. Por mais grotesca que seja uma acusação, devemos sempre colocar em mente a possibilidade de inocência de alguém. Sabemos da complexidade e das artimanhas da mente humana. Nem tudo é o que parece. Queremos tomar a exceção como regra? Não, mas sim estimular o uso da razão e do senso crítico.

Voltando ao ponto onde falo que nem todas as vezes a tendência de se ficar do lado mais fraco da história se concretiza. Sabemos que socialmente e culturalmente vivemos em um mundo tomado por preconceitos. Ainda hoje há racismo e homofobia. E esse é o lado x da questão: quando um homossexual alega ter sofrido violência de cunho homofóbico, por exemplo, a sociedade tende a se dividir com uma parte realmente acreditando que ocorreu sim homofobia e se indignando e a outra parte alegando que homossexuais são vitimistas, justificando a agressão por ser um ato passional ou até mesmo provocado pelo próprio acusador. Observe que no caso da acusação de abuso contra uma criança praticamente - ou absolutamente - ninguém fica do lado do acusado alegando que a menina é mentirosa, dissimulada, etc. É essa a interferência que evidencia a presença de preconceitos no julgamento social. Nesse caso especificamente, os LGBT tendem a acreditar cegamente  no acusador e ficar do seu lado, por conta da homofobia que de fato existe e conviverem com isso diariamente. Essa análise cega (sem evidências) é complicada, pois nada impede que um homossexual faça uma acusação infundada contra alguém que não goste e queira prejudicar, por mais improvável que essa hipótese possa parecer.

Quanto ao racismo, podemos dar um exemplo semelhante. Hoje em dia o racismo diminuiu consideravelmente com relação a décadas atrás. Mas de forma alguma é algo pequeno. Por mais que as pessoas lutem para não ser racistas, há quase sempre pensamentos racistas lá no fundo de suas mentes. Sim, por mais que grande parte das pessoas não se considerem racistas, a maioria ainda tende a julgar um negro na rua como um possível criminoso (mais do que considera um branco, por exemplo). Portanto, num caso de acusação de racismo sem evidências, a maioria da sociedade tende a ficar do lado do acusador, mas uma boa parte ainda irá dizer que negros são vitimistas e assumam, mesmo que não declarem, que estão do lado do acusado. Mais uma vez a acusação, até então sem evidência, pede neutralidade de todos nós. Assim como a possibilidade da acusação ser verdadeira, até por conta do racismo existir, há também a possibilidade da acusação ser falsa para prejudicar alguém.

Ressalto mais uma vez que esse binarismo todo é errado. No caso do abuso, o acusado pode ser tanto vítima quanto criminoso. Nos casos da homofobia e racismo, também. Por mais que a tendência do ser humano seja agir por impulso e pelos seus instintos, todos devemos trabalhar o nosso lado racional. O simples fato de alguém ser o lado frágil da história não pode ser o embasamento para julgá-lo como vítima e o acusado como vilão. Uma falsa acusação e um julgamento social equivocada pode acabar com a vida de uma pessoa.

Então lembre-se: na falta de evidências, nunca assuma um lado.

31/05/2015

Para os fanáticos religiosos cuidar da vida sexual alheia é mais importante do que matar a fome do próximo

O mais novo alvo da indignação dos religiosos fanáticos é uma marca de cosméticos. Todo mundo já deve ter visto o comercial da empresa, que em razão da promoção do Dia dos Namorados, apresenta uma diversidade de casais trocando perfumes de presente, entre eles um casal gay e outro lésbico. E o máximo que acontece entre esses casais é um abraço.

Simples abraços que causaram fúria entre os defensores da família margarina tradicional brasileira que se organizaram para negativarem a avaliação do vídeo comercial no YouTube. Nesse exato momento são contabilizadas 40 mil positivações contra 104 mil negativações.

Fico aqui pensando no que leva esses idiotas a praticar esse tipo de idiotice. Ignorância? Talvez. Falta do que fazer? Pode ser. Alienação religiosa? Provavelmente sim. Porém a única explicação plausível que martela em minha cabeça é a falta de humanidade.

Digo isso pois não vejo esses grupos de fanáticos fazendo campanha pra doação de comida para os africanos que morrem de fome e nem mesmo se sensibilizando com a miséria alheia, na grande maioria das vezes ignorando moradores de rua e os considerando como meros "vagabundos" que não querem trabalhar. Não é possível que nas mentes vazias desses idiotas a ideia de mudar o mundo se importando quem fulano ama ou com quem sicrano transa é algo realmente plausível.

Será que é o amor e o afeto os responsáveis por toda desgraça do mundo? Com toda certeza não.

Somente mesmo a falta de humanidade pode responder o porquê de um mero abraço entre pessoas do mesmo sexo ser mais chocante do que cenas de violência, que extorsão de fiéis por líderes religiosos, do que todo machismo que é imposto no dia-a-dia, do que a miséria, fome e tudo mais de desumano que acontece hoje no mundo. É preciso mais do que alienação e ignorância para renunciar assim ao bom senso e à humanidade.

Se ao invés de darem uma negativação ao vídeo em questão, essas pessoas doassem 1 real para quem precisa de comida, já teríamos 104 mil reais - valor que ajudaria a matar a fome de muita gente. Mas fazer o que se cuidar da vida sexual alheia é mais importante do que dar pão para os famintos?

A raça humana continua no seu processo de eterno de luto...


11/03/2015

[ESPECIAL 007] As 5 melhores e piores músicas da franquia

As músicas de abertura fazem parte da essência da franquia de James Bond. Nesses mais de 50 anos de existência do espião britânico no cinema, muitas tradições foram mudadas, mas as músicas permaneceram com a tradição de somar charme às aventuras do agente.

007 Contra SPECTRE chega aos cinemas agora em outubro e nada temos por enquanto de confirmações sobre quem cantará a nova música de abertura. Rumores indicam Sam Smith, Lana Del Rey ou até mesmo a volta de Adele, que ganhou o Oscar pela interpretação de Skyfall, e que ainda pode contar com uma colaboração de Lady Gaga, o que seria incrível. Enquanto só temos rumores, que tal uma lista com as melhores e piores músicas de abertura da franquia?

MELHORES


5º) You Know My Name - Chris Cornell (de 007 - Cassino Royale).


Cassino Royale foi um marco importante para James Bond. A renovação da fórmula que já havia de desgastando nos últimos filmes, com um espião mais humano e verossímil e uma história mais madura. A música interpretada por Cornell se encaixou perfeitamente nessa revolução, com uma melodia agradável  e refrão forte. Curiosidade: não se tinha uma voz masculina na franquia desde 007 - Marcado Para a Morte.


4º) Nobody Does It Better - Carly Simon (de 007 - O Espião Que Me Amava)


Por mais que eu tenha certas restrições para com a Era Moore, não posso negar "O Espião Que Me Amava" é um filme completamente charmoso, onde há cenas antológicas (como a do Lotus) e uma química perfeita entre Bond e sua Bondgirl. A música sublime e linda de Carly Simon adiciona ainda mais charme ao filme, que é o meu favorito dentre os protagonizados por Roger Moore. Melodia maravilhosa!


3º) Live And Let Die - Paul McCartney (de Com 007 Viva e Deixe Morrer)


Com a explosão do Rock no início da década de 70, os produtores de 007 encarregaram ninguém menos do que Paul McCarteney (dos Beatles) para compor a música do primeiro filme de Roger Moore na franquia. Com um instrumental poderoso e um talento inquestionável de McCartney, a música é a única coisa que se salva no filme e, para mim, é a terceira melhor da franquia.


2º) Skyfall - Adele (de 007 - Operação Skyfall)


Skyfall é um filme antológico, que mesclou o 007 clássico com o moderno e trouxe um dos maiores vilões da franquia, interpretado por Javier Bardem. O filme ainda conta com a voz incrível de Adele para música de abertura, vencedora do Oscar de melhor canção original. Todo o poder vocal da cantora britânica nos brindou com uma música maravilhosa que me causou arrepios na sala de cinema.


1º) A View To A Kill - Duran Duran (de 007 - Na Mira dos Assassinos)


Sim, 007 - Na Mira dos Assassinos é um filme medíocre e repetitivo que encerrou a famigerada "Era Moore" da franquia, mas a música da banda Duran Duran possui ritmo e melodia que talvez seja as que mais combinam com James Bond dentre todas as outras. Um rock de qualidade e que, para mim, é disparada a melhor canção de 007.


PIORES

É injusto pra caramba utilizar essa palavra "piores"... Canções que considero ruins mesmo são as três primeiras colocadas. As demais, prefiro dizer que são canções "menos marcantes" numa franquia recheada com músicas de altíssimo nível. Vamos lá:

5º)  Licence To Kill - Gladys Knight (de 007 - Permissão Para Matar)

Com dor no coração devido ao motivo de  Gladys Knight cantar de maneira esplêndida essa canção, mas a música no geral fica bem aquém da média da franquia.


4º) The Man With The Golden Gun - Lulu (de 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro)


O filme é um dos maiores "WTF?" da franquia, beirando o pastelão trash (talvez o "Homem do Membro de Ouro", do Austin Powers, seja mais sério) e a canção de Lulu passa por despercebida. Como disse, não é que a canção seja ruim, mas dentre tantas de qualidade essa é uma das que menos de destacaram e marcaram na franquia.


3º) Tomorrow Never Dies - Sheryl Crown (de 007 - O Amanhã Nunca Morre)


O segundo filme protagonizado por Pierce Brosnan é eletrizante. Pena que não podemos dizer o mesmo da canção de abertura, interpretada por Crown, com arranjo sonolento e melodia fraca. A música de encerramento do filme, "Surrender" (K.D. Lang) é bem melhor.




2º) Die Another Day - Madonna (de 007 - Um Novo Dia Para Morrer)

Que Madonna é uma diva e rainha do Pop não posso negar, mas sua música para o último filme de Pierce Brosnan como 007 é ruim, é - e muito. Se bem que combina certinho com a película: uma farofada. A voz artificial de Madonna e as exageradas batidas eletrônicas fazem de "Die Another Day" a segunda pior música de abertura da série.


1º) Another Way to Die - Alicia Keys & Jack White (de 007 - Quantum Of Solace)

A mais fraca de todas as canções de abertura de 007 chega a ser inexplicável. Todos sabemos do poder vocal de Alicia Keys - e de Jack White também - mas Another Way To Die não consegue explorar o talento de nenhum dos dois. É uma música exagerada, com batidas desnecessárias e um ritmo descompassado e ambos cantores não conseguem convencer. Talvez a música cairia bem melhor na voz de uma Lady Gaga, Rihanna...



16/02/2015

Qual o preço da felicidade?


A palavra felicidade é muito empregada por todos nós. Diariamente almejamos essa felicidade nos mais diferentes setores da vida: no trabalho, na família, na vida amorosa, no relacionamento com amigos, etc. Nas redes sociais é comum encontrarmos pessoas que compartilham mensagens abordando esse sonho da felicidade. A questão que quero colocar em pauta com o texto é; será que existe felicidade plena?

Para começar, é necessário ter noção que a felicidade é um conceito relativo. Vamos analisar os relacionamentos amorosos, por exemplo: a felicidade, para uma pessoa, pode consistir numa relação onde não existam brigas e discussões,  já para outra, brigas e discussões podem ser encaradas como normais, não interferindo no que ela considera felicidade. No campo do trabalho, para uma pessoa a felicidade consiste em fazer o que gosta e para outra, em ganhar um alto salário, independentemente de fazer ou não o que gosta.

Entretanto, mesmo com essa relatividade conceitual, pode-se afirmar que não existe felicidade plena. O sentimento de felicidade não é algo constante por sofrer as ações do tempo. A felicidade amorosa, por exemplo nunca é eterna. Em alguns casos pode durar mais e em outros, menos. As histórias amorosas dos contos de fadas, filmes e novelas que falam de pessoas que "viveram felizes para sempre" não condizem com o mundo real, mas sim apenas da idealização de um "sonho". A felicidade no trabalho pode chegar ao fim com a chegada de um novo colega, da troca do chefe, ou simplesmente pelo estresse e pela perda do prazer em uma atividade que antes era a ideal para a pessoa.

Sem contar que felicidade plena envolve o fato de uma pessoas estar feliz com tudo o que existe e acontece em sua volta. Uma pessoa pode estar vivendo a felicidade no campo amoroso e no trabalho, mas não no relacionamento com o irmão. É também difícil que uma pessoa possa estar feliz considerando a fome, a miséria, a destruição da natureza, guerras e todos os demais fatores sociais do mundo.

O mundo e as pessoas não são perfeitos. Os sentimentos humanos são complexos. A interferência do tempo é inevitável. O mundo está em constantes transformações, assim como nosso intelecto e sentimentos. A busca por uma "vida feliz" não passa de uma utopia e que faz muitas pessoas se perderem dentro de si mesmas, impedindo a absorção do que realmente acontece às suas voltas e a busca pelo conhecimento. Com o advento da globalização, a "vida feliz" virou de vez uma mercadoria a ser vendida por um preço amargo. A falsa ideia de que para ser feliz é necessário se ter mais e mais poder financeiro para a aquisição de bens materiais está adoecendo o ser humano e virando um fator de alto lucro aos burgueses. Quanto menos poder aquisitivo tem uma pessoa, mais ela tende a submeter a essa materialização da felicidade e se tornar uma marionete nas mãos dos capitalistas.

29/01/2015

Vamos falar de feminismo?

É um assunto necessário e sei que pelo simples fato de eu ser homem branco já acarretará em inúmeras rejeições do meu texto. Mas peço calma e proponho um debate adulto e sério por aqui. Convido a todos a lerem meu texto e usarem o espaço dos comentários caso queiram me corrigir ou debater (mais uma vez, de maneira adulta) o tema.

Alguns chamam de "feminismo pós-moderno", outros de "misandria" e alguns outros de "RadFem". Rotulações desnecessárias à parte, falamos aqui de certas integrantes do movimento feminista que andam dando o que falar - principalmente nas redes sociais - com suas posturas prepotentes e extremistas, apesar de compreensíveis. Antes de entrar no mérito da questão, convido todos os leitores a uma breve reflexão sobre o machismo e o movimento feminista em si.


Machismo


Segundo o dicionário, a definição do machismo é:

Opinião ou atitudes que discriminam ou recusam a ideia de igualdade dos direitos entre homens e mulheres.
Característica, comportamento ou particularidade de macho; macheza.
Demonstração exagerada de valentia.
Informal. Excesso de orgulho do masculino; expressão intensa de virilidade; macheza. 

Pois bem, o comportamento machista é uma opressão originada pela construção social de que a figura masculina é dominante, superior à figura feminina. Tal comportamento data de muito tempo e podemos observar a presença do mesmo até mesmo na própria Bíblia Sagrado, onde em diversas passagens é citado que a mulher deve ser submissa à figura masculina.

De fato, o machismo é algo intolerável, assim como qualquer outra opressão, visto que todos nós humanos merecemos igualdade de direitos, liberdade e tratamento respeitoso independentemente das características particulares de cada pessoa.

Como é comum, toda opressão origina contrariedade por parte dos oprimidos, estes que em certo ponto não aceitam mais a imposição opressora e se organizam em movimentos para combater a opressão. Esse movimento foi denominado de Feminismo e, ao contrário do que indica, não é o machismo invertido, mas sim a luta contra ele.


Quem é atingido pelo machismo?


Historicamente é nítido que as mulheres são as principais vítimas do comportamento machista, mas se engana quem pensa que os próprios homens também não sejam oprimidos por ele. Graças a sua construção social, essa ideia de virilidade e superioridade "obrigatória" que o macho tem de passar, qualquer comportamento que fuja disso fará com que o homem seja oprimido. Por exemplo, um homem que chora e tem sua masculinidade duvidada por outras pessoas, visto que a figura masculina "não deve demonstrar fraquezas", comportamentos socialmente atribuídos às mulheres. Do mesmo jeito ocorrerá caso o homem demonstre ser sentimental, se depile e não se relacione com uma quantidade razoável de mulheres. Homens homossexuais então, estes estão ainda mais sujeitos ao machismo, uma vez que este anda de mãos dadas com a homofobia.

Portanto, mesmo que haja uma diferença de intensidade quanto a opressão, todas as pessoas, independente de gênero, estão sujeitas a sofrerem com o machismo.

Existem mulheres machistas?


A resposta é positiva e no nosso dia-a-dia temos vários exemplos de mulheres que, por conta de sua construção social, reproduzem o machismo e, com isso, defendem a ideia de superioridade masculina  e submissão feminina. Apesar de algumas pessoas considerarem que existe uma diferença entre "ser machista" e "reproduzir o machismo", minha opinião é bem divergente e segue a lógica, a semântica: a partir do momento que alguém reproduz machismo, esse alguém é machista. Da mesma forma que quem reproduz homofobia é homofóbico, mulher que reproduz machismo é machista. Assim como existem homossexuais homofóbicos.



Homens podem ser feministas?


Talvez a questão que mais anda gerando polêmica ultimamente. A partir do momento que todos estão sujeitos a sofrerem com o machismo, nada mais justo do que homens e mulheres se organizarem contra o machismo, buscando a desconstrução do mesmo e forçando políticas mais igualitárias entre os gêneros. Acontece que por conta do nome, muita gente vem considerando que o feminismo é um movimento exclusivo para mulheres, não considerando que homens também são alvos potenciais e expurgando (muitas vezes ridicularizando) os que se dizem feministas. Concordo que o protagonismo deve ser das mulheres, visto que estas são as maiores oprimidas, mas radicalizar a ponto de não aceitar homens no movimento é uma atitude a ser repensada e que gera ainda mais controvérsias e afastamento da sociedade para com o mesmo.

Várias pessoas consideram com os homens podem ser "apenas" pró-feministas e mais uma vez se percebe um problema lógico e semântico. Uma vez que o feminismo não é uma característica/condição humana, mas sim uma ideologia, tal consideração acaba não fazendo o menor sentido por conta de passarem exatamente o mesmo significado. Seria o mesmo que falar que uma pessoa que defende os ideais socialistas não é socialista, mas sim pró-socialista.


Homens podem dar pitacos no feminismo?

Nenhum movimento/ideologia está acima de críticas. Pessoas merecem respeito e direitos. Ideologias merecem debate. Infelizmente, o radicalismo de certas feministas (e "pró-feministas") estão impondo que "homem" e principalmente o "homem branco" não pode criticar ("dar pitaco") no movimento. É um erro grave imaginar que só pelo fato do movimento ser composto por oprimidos, ele não possa ser criticado por quem os militantes consideram como "potencial opressor". Assim o movimento racha entre os próprios apoiadores e perde a força para brigar por conquistas. Como dito, todo debate é válido se tratando de movimentos, mas qualquer tentativa de debate que é proposta sobre o feminismo é visto como uma "tentativa de roubar o protagonismo" e merece ridicularização.

Essa imposição de regras fabricadas anda gerando muito conflito, abalos de amizades e até casos graves como exposição e linchamento moral virtuais de homens que persistem em procurar o debate. A questão que proponho é: será que esse realmente é o caminho? Tudo que se torna extremista perde pontos e passa a ser mal-visto pela sociedade e ser extremista com os próprios apoiadores então é pedir para que a militância vire piada e vá a falência. Mas lembro, é apenas uma crítica construtiva. Não quero roubar o protagonismo de ninguém...



18/01/2015

[ALERTA] Cuidado com o populismo nas redes sociais!

Quando se ouve o termo populismo há uma tendência de associá-lo com políticos, mas não são apenas eles que utilizam dessa estratégia para alcançar seus objetivos de poder e/ou doutrinação.

Um político populista é aquele que aparece com crianças no colo e abraça a população carente durante as campanhas eleitorais, por exemplos, e durante seu mandato elabora projetos visando fazer a famosa "média" com o povo, se utilizando da comoção e das maiores fraquezas de um povo para conquistá-lo.

Um pastor se utiliza tendenciosamente de um jogo de palavras para atrair apoiadores para o ensino religioso nas escolas, com o objetivo de "combater" a criminalidade.

Com o advento das redes sociais, percebemos que muitas pessoas que não estão envolvidas diretamente com a política se utilizam da estratégia populista para fins pessoais. Quer um exemplo? Recentemente tivemos um apresentador de televisão que se aproveitou de um caso de racismo para promover a venda de camisetas com uma frase anti-racista que se tornou viral pela internet. Outros exemplos temos com pessoas envolvidas com religião. Pastores, líderes religiosos e outras "celebridades" do mundo gospel estão lotando suas respectivas páginas com postagens sensacionalistas com os temas que mais causam comoção - a grande maiorias destas publicações não ligadas à religião -, tudo isso com o objetivo de atrair o maior número de seguidores possível.

No meio dessas histórias lindas de famílias, animais de estimação e outras até mesmo com certa dose de humor, existem postagens tendenciosas, ligadas aos interesses religiosos, como por exemplo a cura da homossexualidade, a "importância" do ensino da Bíblia sagrada em escolas públicas, influências políticas (falando em quem você deve votar ou não)
e outras coisas do gênero.

Pois é, caro leitor. Com a internet, a alienação religiosa ultrapassou os limites de igrejas e templos e pode estar mais perto de você do que imagina. Portanto , tome muito cuidado com o populismo virtual.


Para termos uma ideia do perigo, um desses populistas gospel compartilhou em sua rede social uma notícia fake (do site de humor Sensacionalista), que dizia que o Dep. Jean Wyllys fez um projeto pra proibir o casamento de evangélicos, como se fosse algo verídico só para causar entre seus seguidores uma repulsa ainda maior ao deputado homossexual (já que este é uma pedra do sapato dos fundamentalistas).

13/01/2015

Quem tem medo do Comunismo?



Quando crianças, nossos pais nos contavam uma série de lendas como a do Bicho Papão, Lobo Mau, Homem-do-Saco entre outras, para nos colocar medo e, consequentemente, nos comportarmos. O medo é sempre uma arma eficaz para o controle do ser humano.

Assim como as lendas infantis, crescemos com a imposição de que o comunismo é algo terrível onde todas as liberdades são cerceadas e milhões, bilhões, trilhões de pessoas são assassinadas. A carga de (des)informações que recebemos da mídia faz de todos nós potenciais anti-comunistas. O que não falta por aí é gente falando do comunismo sem saber o que de fato ele é.

Convido, principalmente os anti-comunistas, a acompanharem a simples reflexão abaixo.

O capitalismo é o sistema que impera em praticamente todo o globo. Em que consiste o capitalismo? Num sistema de pirâmide, onde poucas pessoas detêm alta concentração de capital e a maioria vive em condição de explorada - tanto produzindo quanto consumindo. Quem está no topo da pirâmide? Grandes empresários, incluindo os donos de jornais e outros veículos de comunicação.

O comunismo se opõe ao sistema capitalista por considerar que este gera desigualdade social e uma exploração abusiva do ser humano. Você pode estar relutante em concordar comigo, mas não podes negar que sentes explorado a todo momento, seja na condição de trabalhador ou na de consumidor, certo? Continuando, os comunistas pregam o fim das regalias da burguesia e a valorização do ser humano.

Agora pensem comigo: Se o comunismo quer bater de frente com os interesses dessa burguesia, cortando tais regalias e os donos do veículos de informações fazem parte dessa burguesia, não é meio lógico que eles vendam uma imagem extremamente negativa da ideologia comunista?

Não vou entrar muito no mérito do capitalismo para não deixar o artigo extenso. Tratarei especificamente do tema em breve.

Mas afinal, é serio que o comunismo já matou milhões de pessoas? Para saber a resposta, recomendo que leiam ESTE ARTIGO que está bem elaborado e elucidativo.

Somente o conhecimento pleno pode nos livrar das amarras do sistema. Mas cabe lembrar que conhecimento não é absolver qualquer coisa que nos é passada, mas sim refletir, questionar e sempre buscar o maior número de fontes possível. Aliás, é com conhecimento e engajamento que se faz uma revolução.

SOU JE SUIS HIPÓCRITA!

Conforme dito na postagem anterior, condeno veementemente os atentados a Charlie Hebdo e qualquer outra forma de repressão à liberdade de expressão, pois nenhum movimento ou ideologia pode ser  à prova de críticas (satíricas ou não) e debate. Porém, queria deixar também minha manifestação sobre toda a comoção gerada em torno do atentado.

Esse "auê" todo não me incomodaria se não tivesse cheiro de classismo e, principalmente, de hipocrisia. Não vejo tanta comoção, por exemplo, quando ocorre massacres de civis em países menos favorecidos - inclusive, um dos participantes dessa marcha contra o atentado em Paris é o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, responsável pela morte de milhares de palestinos. Será que a morte de 12 jornalistas tem um peso tão maior do que milhares de vidas civis ceifadas, entre mulheres e crianças? Por qual motivo também não vejo ondas de comoções pelos que morrem diariamente de fome na África? Tem gente que não disfarça a posição pessoal de que pobres e negros são menos "humanos" que os brancos e ricos. Já Benjamin Netanyahu nem se esforça em disfarçar que seguidores de religiões diferentes à sua são inferiores e merecem a morte.

Seria a síndrome do Nazismo Invertido?


12/01/2015

Charlie Hebdo e o atentado à Liberdade de Expressão



Imaginem um mundo em que nenhuma ideologia/dogma/pensamento pudesse ser questionado, debatido ou ironizado. Imaginaram? Pois é, se isso fosse uma regra, não teríamos a dita liberdade de expressão e, consequentemente, nem a dialética. O recente ataque terrorista promovido por muçulmanos à sede da revista francesa Charlie Hebdo por publicar  charges ironizando o islão evocou evocou o debate: existe um limite para a liberdade de expressão?

Para responder a tal pergunta é necessário discernir a liberdade de expressão do discurso de ódio. Nenhuma ideologia, dogma ou pensamento (religião está inclusa neste pacote) é à prova de críticas, debate ou ironias. Isso é liberdade de expressão. Agora, quando se ataca generalizando, discriminando ou estimulando a violência (física ou verbal) contra pessoas, isso é discurso de ódio. Isso ficará mais claro com uma exemplificação simples:

"Sou contra o movimento LGBT, pois acredito que eles só querem privilégios." (Por mais banal que seja essa frase, ela é uma liberdade de expressão, pois está criticando um movimento/ideologia.)

"Esses gayzistas são uns filhos da puta, temos que nos unir pra descer o porrete neles." (Isso sim é um discurso de ódio, pois estimula violência contra pessoas).

Para religiões, não há diferenças. Uma coisa é questionar/ironizar qualquer religião, outra é generalizar ou incentivar a violência contras pessoas, independentemente de seus credos. Percebam, mais uma vez, as diferenças com os seguintes exemplos:

"Cristãos são idiotas." (Discurso de ódio, mesmo que religião não seja uma condição assim como raça ou sexualidade, tal afirmação é generalizatória).

"Acho ridículo o fato de certos cristãos atribuírem tudo de ruim que acontece ao diabo." (Liberdade de expressão, pois faz uma crítica aos posicionamentos e atitudes de pessoas que seguem tal religião).

"Tal pastor é um canalha, pois explora seus fiéis." (Liberdade de expressão, pois critica atitudes de determinado religioso).

"A Bíblia [o Alcorão ou qualquer outro livro sagrado] é tão contraditória que chega a parecer um livro de piadas." (Liberdade de expressão, pois critica um objeto).

"Umbandistas são aberrações e precisam ser confrontados." (Discurso de ódio, além de generalizar, a frase estimula segregação, conflito e, até mesmo, violência).

"O Umbandismo é uma religião deplorável." (Liberdade de expressão, critica uma religião).

Algo que desejo salientar dois pontos. O primeiro é que afirmações que desfrutam de tal liberdade de expressão não são necessariamente certas ou erradas, positivas ou negativas. Existem pessoas que utilizam essa liberdade pra dizer coisas sem sentido, vagas e banais e as que conseguem conciliar com argumentos coesos e claros. O segundo é que o objetivo de tudo que fora escrito até o momento não é o de ditar regras, mas sim expor uma opinião pessoal. Além disso, tenho senso de realidade para perceber que são poucos os que possuem uma maturidade suficiente para distinguir a liberdade de expressão do discurso de ódio.

Para concluir então a pergunta do primeiro parágrafo: existe um limite para a liberdade de expressão? Nenhum movimento, dogma, ideologia ou opinião são à prova de críticas, de debates. O que deve ser combatido é o estímulo à violência e discriminação contra PESSOAS, ou seja, o discurso de ódio.

Agora podemos falar do ataque de Charlie Hebdo. 

Na minha opinião, a religião, de maneira geral, é um dos assuntos  que mais precisa de debates e críticas. As religiões são responsáveis por vários aspectos negativos da humanidade, tanto no passado quanto no presente: da imposição de valores até ao extremismo, este provocando inúmeras guerras e atentados violentos que já ceifaram milhões (seriam bilhões?) de vidas.

Mais do que um exercício de liberdade de expressão, a crítica às religiões por seus valores totalitários e retrógrados, é uma obrigação não só da mídia, mas também de todos que não concordam com elas. O atentado em Paris é mais uma grande prova da necessidade dessa crítica e do combate ao extremismo religioso, este que faz questão de mostrar que não existem limites para tentar inibir críticas.

Portanto, considerar que a revista francesa teve sua parcela de culpa ao "provocar" determinada religião, seria o mesmo que pôr uma parcela de culpa a um jornal por sofrer atentado terrorista após satirizar um governo, por exemplo. E mais profundamente: seria o mesmo que dizer que um gay foi culpado de sofrer homofobia na rua por estar beijando seu parceiro.

Infelizmente, os mortos do atentado em Paris entram para a estatística de vítimas do fanatismo e extremismo das religiões. Mais uma mancha de sangue para a história da humanidade.

09/01/2015

Jonas Donizette - O prefeito piada (PARTE 1: O TRANSPORTE PIADA)



Desde a campanha eleitoral de 2012 eu via nos olhos de Jonas Donizette (PSB) toda a sua incompetência. Infelizmente, os campineiros deixaram se levar pelo rosto bondoso do radialista e agora todos nós estamos, literalmente, pagando um alto preço. O que se dizer de um prefeito que a melhor bem-feitoria até o momento foi a instalação de lixeiras por toda a área central e redondezas? Mas enfim...

De resto, a cidade continua do mesmo jeito de sempre, abandonada e a mercê dos grandes barões dos transportes e empreiteiras - uma cópia carbono da gestão estadual de Geraldo Alckmin. Nem vou entrar no mérito da prefeitura campineira ser fã dos famosos cargos comissionados, mas sim falar dos problemas mais evidentes que sofremos com a gestão de Jonas.

Em 2013, a tarifa do transporte público campineiro fora reajustado de R$ 3,00 para R$ 3,30. Logo após a manifestações nacionais do Movimento Passe Livre, Jonas decidiu voltar o preço para R$ 3,00. Tal medida deixava bem claro que era um mero cala-boca até o movimento esfriar, o que de fato ocorreu graças ao terrorismo policial e midiático. Não deu outra: a tarifa voltou para R$ 3,30 em julho de 2014. E não ficou só nisso: semanas depois, a prefeitura anunciara uma "revolução" no sistema de transporte público campineiro. O cargo de cobrador foi extinguido (para justificar corte de custos e evitar que o valor da passagem aumentasse ainda mais) e para "ajudar" essa medida, o proibição do pagamento da passagem em dinheiro também foi implementada - entre aspas. Essa "proibição" do pagamento em dinheiro também fora justificada para inibir assaltos aos ônibus - o que é uma piada de mal gosto, pois a grande parcela da população já pagava a passagem pelo cartão de Bilhete Único e os ladrões sempre visaram os bens dos passageiros, ou seja, a proteção só e feita às empresas. A resolução para acabar com esse pagamento em dinheiro dentro dos coletivos consegue ser ainda mais grotesca: os passageiros fazem o Bilhete Único ou compram cartões avulsos, sem direito a integração, em pontos de venda específicos na cidade e pagam R$ 2,00 além do valor da passagem por esse cartão, o que faz muitos pagarem nada menos do que R$ 5,30 pelo valor da passagem. Esse valor excedente é ressarcido também nesses pontos específicos, posteriormente a entrega do cartão pelo passageiros. Para completar esse circo de horrores, foi decretado que até a população "se adaptar" a essa nova realidade, que esses cartões podem ser adquiridos com qualquer motorista, em qualquer linha. Esse procedimento tinha uma data limite: 30 de Novembro de 2014, mas continua ocorrendo até hoje.

E como nada é tão ruim que não possa piorar, foi anunciada essa semana UM NOVO AUMENTO da tarifa, 5 meses após o reajuste anterior, agora para R$ 3,50.

Sim, olhem para o cenário atual: Cortaram o cargo de cobrador, mas agora os motoristas continuam recebendo um valor - só que agora maior - das passagens, o que sobrecarrega a função e o valor da passagem continua aumentando, o que transformar todo esse ESQUEMA  citado em uma piada, de muito mau gosto por sinal. Se isso não é chamar o povo de otário, não sei mais o que é. Os empresários responsáveis pelo transporte em nossa cidade estão com o burro na sombra agora. Quem se ferra somos nós, dependentes de um transporte caro e de má qualidade.

Obs.: Muitas pessoas acabam pagando os R$ 2,00 a mais devido ao "cartão", mas por falta de tempo, acabam não indo pedir a restituição do valor. Isso acontece, principalmente, com quem não mora por aqui.

O transporte público campineiro pede por clemência.


05/01/2015

A falência dos movimentos sociais

A união é a base de tudo, principal quando se fala em luta por direitos e contra as amarras impostas pelo Sistema. Porém, o egoísmo e o excesso de vaidade estão impossibilitando essa união nos movimentos sociais e, além disso, causando racha dentro de cada próprio movimento.

Cada militante quer ter sua razão e considerá-la como absoluta. Assim, temos um movimento feminista segregando quem pode e quem não pode participar do movimento. Para muitas feministas, homens são podem ser feministas e não são bem-vindos na militância. Primeiro que o nome do movimento já está equivocado - feminismo evoca o mesmo sentido negativo do machismo, se diferenciado só por conotar o lado oposto. Prefiro chamar de "Anti-Machismo", assim não causa alusão que movimento seja tão idiota quando o machismo e não dá margem para impossibilitar que homens se digam em prol do movimento. O fato de ter um pênis não possibilita um homem se posicionar contra o machismo e a favor do direito de igualdade às mulheres? Se bem que é inegável a  existência de feministas que não querem uma igualdade, mas sim uma condição de superioridade com relação aos homens (daí sim pode ser chamado de feminismo mesmo). Sabendo dessa onda autoritária de certas feministas, com toda certeza muitas falarão: "quem é você, Matheus, pra falar de feminismo? Um homem cis e branco!". De fato é uma ideia brilhante combater o preconceito com mais preconceito.

Outro movimento nitidamente rachado é o LGBT. O movimento fica mais preocupado em rotular e falar, por exemplo, que gays que sentem "aversão" por vaginas são misóginos e preconceituosos, do que realmente politizar a comunidade. Se tenta politizar, anda falhando gravemente. Basta olhar os resultados das últimas eleições para percebemos que os milhões de homossexuais que participam de Paradas Gays e militam pelas redes sociais se esconderam e elegeram um número risível de parlamentares diretamente envolvidos com as pautas LGBT's, enquanto a bancada conservadora foi ampliada ainda mais. Outra atitude errada de muitos militantes LGBT é fazer um ataque generalizado aos religiosos, o que amplia ainda mais o desprezo à militância. Precisamos criticar líderes que vomitam ódio contra a comunidade, mas considerar que nem todos os religiosos compactuam dos mesmos pensamentos asquerosos. Os cristãos não são inimigos, mas sim os fundamentalistas.
Isso sem falar da construção de esteriótipos entre os próprios integrantes do grupo. Aqueles que se dizem homossexuais, mas que não gostam e criticam afeminados, transexuais, etc. Aqueles que querem impor padrões homossexuais, como, por exemplo, criticar um gay que goste de futebol ou de um rock pesado. Nada adianta brigar por respeito se a gente não se respeita. Nada adianta berrar em redes sociais e não fazer diferença na hora do voto.

E quem pode fazer Revolução?
A estratégia de se lutar por mais igualdade social pregando embate entre as classes sociais é, no mínimo, contraditória. Assim como acontece no Feminismo, entre esquerdistas também há caráter segregador. Termos como stalinistas, troskos, marxistas, etc, são empregados para subdividir os defensores da Esquerda e florescer um embate de quem possui mais conhecimento histórico, de quem está certo ou está errado e quem pode ou não participar de uma "revolução". O lema que todo rico é individualista e não pode revolucionar é muito presente entre o grupo. Sim, a maioria dos ricos não quer nem saber dos pobres, a não ser em explorá-los cada vez mais, mas não se pode generalizar. Agora inventaram o termo Pós-Modernista para esteriotipar esquerdistas que apoiam pautas libertárias, como os direitos LGBT's, legalização das drogas e descriminalização das drogas. Ao criar cada vez mais rotulações ao invés de buscar a união para lutar pelas conquistas, o movimento, assim como qualquer outro, perde a força e vira motivo de piada. O anseio por superioridade e conflitos impede que o ser humano conviva em paz até mesmo com os próprios semelhantes - literalmente falando. Como se ganhar uma batalha se os soldados guerreiam entre si? É exatamente isso que os grandes capitalistas desejam.

A realidade é que o ego cega qualquer pessoas, independentemente de suas convicções. A mistura de qualquer movimento com ego tem um resultado perigoso, que todo mundo conhece.