13/02/2014

Medidas superficiais, de uma política superficial e de uma sociedade superficial.

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Ilusão é a doença que acomete muitos cidadãos em nossa sociedade. Para muitos, a resolução de problemas, tal como a violência, vem apenas de projetos reacionários como o da redução da maioridade penal ou da legalização do uso de armas pela população. Digo ilusão, pois pensar assim é uma jogada superficial de mais, como se fosse a saída mais fácil para o problema da violência, que é muito maior do que qualquer um pode imaginar.

O mal tem que ser cortado pela raiz. Esse ditado é um dos poucos que concordo. De onde vem tanta violência? Da política. A desigualdade social, provocada por interesses de uma minoria rica e monopolizadora, somada ao descaso da educação pública, formam a "base" da crescente onda de violência em que vivemos. Para chegar à tal conclusão não é preciso ser muito inteligente.

Agora vamos mais afundo.

O Código Penal brasileiro é uma grande piada, e de mau gosto por sinal. As penas são brandas. Marginais que cometem crimes graves, em pouco tempo estão soltos e, na maioria das vezes, continuam cometendo crimes. O sistema penitenciário, por sua vez, é um verdadeiro caos. Sem condições humanas, superlotadas e comandadas pelo descaso, as cadeias brasileiras, ao invés de "reformar" o bandido, acaba o tornando ainda pior. Em situações extremas, qualquer pingo de humanidade que exista numa pessoa acaba se perdendo. Então vamos lembrar que esses mesmos marginalizados estarão em pouco tempo às soltas, fazendo mais vítimas.

Então... Do que adiantaria uma redução da maioridade penal, se medidas como a reforma da Constituição, mais precisamente do Código Penal, o investimento em educação de qualidade, o combate ao Capitalismo sem freios e melhorias no sistema carcerário e até mesmo uma maior qualificação da Polícia e dos agentes carcerários, não forem tomadas antes? Não adianta querer colocar a carroça na frente do burro.

REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Outra válvula de escape de fácil adesão popular. "Afinal, se bandido tem arma, o cidadão de bem também tem de ter."

Até que ponto estaremos seguros com uma sociedade armada? Mesmo a posse de armas sendo difícil e burocrática, estamos cansados de ver "cidadãos de bem" usando armas de fogos em brigas de trânsito, em discussão de bares, familiares e até mesmo escolares. A natureza humana é deveras complexa. O instinto do homem, muitas vezes é fatal.
Imagine uma facilidade ao porte de armas de fogo. Além de tudo que já foi mencionado, vejamos os justiceiros agindo por intuição, atirando em um aparente culpado, sem ter provas. Pessoas morrendo por causa de crimes que não cometeram... Ou a arma incentivando o cidadão de bem a reagir à assaltos, e este acabar sendo morto primeiro pelo marginal. E por aí vai.
Porém,  os defensores do armamento civil, só conseguem idealizar os "cidadãos de bem" atirando em bandidos malvados que os roubam e ameaçam suas vidas.

Então, Matheus, o que faremos para acabar com a violência?
Bom, não é com medidas superficiais, lançadas por políticos sedentos por votos e status que manjam do que causa apelo popular, que iremos dar mais segurança ao país.
É através do voto e de manifestações é que podemos começar com uma reforma política em nosso país. Ler bons livros, ter acesso às artes em geral, discutir ideias, tudo que colabore com a evolução intelectual, para se aprender a ter uma noção crítica melhor. Como disse no começo do texto, o mal se corta pela raiz. E esse "mal", somos nós, a população. Vamos sentir melhor a sociedade, entender as diversidades, ter respeito ao próximo. Vamos nos interessar pra valer em política.

09/02/2014

A hipocrisia jornalística do Brasil

É muito fácil bater e amarrar em um poste um morador de rua drogado. É muito fácil para um jornalista ou para própria população apoiar esse tipo de atitude.

Defende bandido? Por que não leva para a casa?



Mas uma pergunta básica: por que não fazem o mesmo com os políticos corruptos, que contribuem para todo esse cenário de aumento de violência, decadência de educação e saúde pública? E tem mais: duvido muito que se acontecesse de lincharem um político corrupto, algum jornalista iria defender tal postura. Não que eu defenda qualquer tipo de violência, pelo contrário, só estou comparando ideologias e invertendo os personagens,  promovendo o debate sobre outro ponto de vista.
"É compreensível que um povo que ande de saco cheio com a política desse país passe a ter tais atitudes..."

Será que ouviríamos ou leríamos isso de algum órgão da mídia?

Outra pergunta: Por qual motivo, o povo que defende tais "justiceiros", não toma atitudes efetivas, em manter manifestações contínuas para mudança da nossa política e Constituição? Por qual motivo os mesmos não fazem valer seus votos?

A resposta é certa: realmente é muito mais fácil bater num marginal qualquer.

Hipocrisia? Não, deve ser apenas liberdade de expressão. Vai entender, né?


Obs.: Só para reforçar, antes que me chamem de esquerdista revolucionário, que faz apologia à violência: NÃO APOIO QUALQUER FORMA DE VIOLÊNCIA. NÃO DESEJO QUE SAIAM BATENDO EM POLÍTICOS OU EM QUALQUER OUTRA PESSOA. A MUDANÇA ESTÁ NA INTELIGÊNCIA, NAS MANIFESTAÇÕES E NA HORA DO VOTO.

01/02/2014

O primeiro beijo gay na Globo

O último capítulo de "Amor à Vida", que foi ao ar na sexta-feira 31/01, foi um marco para a Globo e tal do tabu do beijo gay.



Na verdade, não sei ao certo o que levou a emissora enrolar tanto para exibir um simples beijo. Se era medo de ser criticada por preconceituosos ou simplesmente era para conseguir um pico de audiência, o que importa é que finalmente aconteceu. Não foi lá aquele beijaço, mas tal selinho já indica o começo da "Revolução Global", e foi muito importante para a comunidade LGBT.

Em contrapartida, não preciso nem pesquisar ou ir afundo para saber que líderes religiosos fundamentalistas e outras correntes religiosas já estão se manifestando negativamente para com tal cena. Os defensores da "moralidade e dos bons costumes" já arrumaram um prato cheio para destilar suas opiniões recheadas de ódio e preconceito.

O que eu não entendo é essa preocupação excessiva com os homossexuais, como se eles fossem a grande ameaça da sociedade. Assuntos viáveis como corrupção, política, segurança, saúde, educação e respeito não ganham tanto destaque como a amor entre duas pessoas do mesmo sexo ganha. Isso é, no mínimo, hipócrita. Quando o amor choca mais do que a perda de uma pessoa provocada pela violência, ou do que o descaso da saúde e educação pública, é sinal que os valores estão, de fato, invertidos.

A alienação religiosa é tão grande, que os muitos religiosos abrem mão do amor ao próximo. Ignoram o princípio de liberdade do ser humano, de que cada um é livre para seguir a religião/doutrina que quiser, e, se a sexualidade fosse escolha, ter a sexualidade que quiser. É inútil utilizar nossas ideologias religiosas para julgar ao outro.

E antes de dizer "Eu tenho o direito de ser contra a homossexualidade", estude, pesquise sobre o assunto. Não fique só na teoria "Deus fez homem e mulher...", busque entender cientificamente a homossexualidade. Converse com homossexuais. Não podemos criticar aquilo que não conhecemos. E esses discursos preconceituosos de "homens da fé" não são conhecimento algum. Como a própria palavra diz, são pré-conceitos.

Voltando à novela, tenho de parabenizar o autor Walcyr Carrasco, não só pela coragem, mas também pelo ótimo capítulo final. Apesar da novela como um todo, ter sido fraca, cheia de incoerências e furos de roteiros, o final foi belíssimo e emocionante. Carrasco acertou em cheio ao fazer a conclusão que o público queria, bem à moda novelão. (Confesso que não ando vendo novelas, assisti os 3 primeiros meses de "Amor à Vida", mas depois só voltei a ver na última semana, pois ficou praticamente indigerível ver as forçadas de barra e situações insuportáveis). Ressalvo a cena da morte de Aline, que foi caricata ao extremo.

Como homossexual, foi muito importante e tocante para mim, ver o beijo gay entre Niko e Félix. Mais importante ainda, foi ver que o amor e o sofrimento juntos venceram o preconceito que o pai tinha pelo seu filho gay. Uma linda redenção. Um final que ficará marcado pela história.