17/11/2014

Vamos respeitar a fé alheia. Amém!

Como todos sabem, sou um ferrenho defensor das liberdades individuais e religião faz parte desse conjunto. Cada pessoa tem o direito de seguir e acreditar naquilo que quiser e/ou se identificar. O problema é quando a pessoa passa a interferir na liberdade de outrem.

Uma pessoa conhecida, católica, ganhou um pingente de uma santa e o utilizou para ir ao trabalho. Chegando lá foi duramente criticada por colegas evangélicas que disseram que a religião dela estava errada e que precisava conhecer a única religião "correta".  Infelizmente acontecimentos como este não são raros em nossa sociedade. Enquanto em determinados países a religião continua sendo motivo para guerras sangrentas, aqui temos uma guerra de preconceitos, intolerância e arrogância, o que considero tão pior quanto.

Se pesquisarmos fica fácil encontrarmos vídeos ou notícias de pastores evangélicos que ironizam outras religiões, sendo que alguns até mesmo chutam estátuas de santos e queimam livros de outras denominações e também de grupos que entram em igrejas católicas ou templos de outras religiões e praticam vandalismo no local e por aí vai. A tirania de certos integrantes da religião evangélica fica ainda mais evidente quando observamos a imposição de seus dogmas e ideologias dentro da política. Além de tudo isso, existem aqueles famosos líderes de determinadas igrejas protestantes que comercializam a fé de maneira escancarada.

Quando paramos para refletir em todas essas atitudes mencionadas fica fácil entender o motivo de haver tanta crítica e hostilização aos evangélicos por praticantes de outras doutrinas (inclusive os não praticantes, céticos). Quem planta intolerância, colhe intolerância. O que deve ser combatida é a generalização, pois existem muitos evangélicos que sabem respeitar e não invadem o limite individual de cada um, mas o fato é que os protestantes são os que mais discriminam e julgam a vida alheia. Sem falar que a própria denominação evangélica é rachada: se um pastor ou um simples seguidor da religião tem uma visão um pouco diferente, vários evangélicos falarão que ele é farsante e não é um "verdadeiro crente" (um exemplo mais recente é a declaração que o Pastor Caio Figueiredo deu no programa The Noite, do SBT, com relação aos homossexuais e prostitutas. Procurem no YouTube e leiam os comentários).

O irônico é quando o opressor tenta se fazer de oprimido. "Sofremos crentofobia! Estamos sendo discriminados!". Como já disse, não digo que os evangélicos tenham que aceitar a generalização, mas sim fazer uma reflexão e parar para pensar nas atitudes de vários membros da religião. A liberdade individual da religião tem de ser respeitada, mas a sua imposição é algo inadmissível. Eu tenho o direito de crer e seguir no que eu quiser, você tem o mesmo direito. Simples assim.

Logicamente, existem também católicos que desrespeitam gratuitamente outras religiões e impõe suas ideologias  e dogmas para a sociedade, mas aqui no Brasil e em outros países é evidente a dominância do desrespeito vindo por parte de evangélicos. Para acabar com a "crentofobia" só uma atitude vinda dos próprios crentes seria necessária: respeitar a crença do próximo. E antes que venham falar de liberdade de expressão, deixarei claro alguns pontos. O principal é que intolerância religiosa no Brasil é crime, mas infelizmente a Constituição é pouco utilizada para tal. O segundo é que, como todos sabem, a liberdade de expressão não é um direito pleno, portanto quando você fala o que quer é preciso aguentar as consequências do que foi dito. O terceiro e último ponto que vou ressaltar é a empatia: imagine, por exemplo, um espírita chegar em você e dizer que a sua religião está errada e que você precisa urgentemente ir a um centro espírita. Aposto que você não iria gostar, certo? Então saiba que quando você impõe suas visões religiosas a outras pessoas, elas também não gostam.

Existem dezenas, centenas ou, sei lá, milhares de religiões mundo afora. Querer discutir qual a única é a certa além de ser irrelevante (você segue determinada religião é óbvio que a julga como certa, assim como seu vizinho, seu chefe, seu tio, o padeiro)  é muito perigoso. Já parou para pensar na quantidade de vidas que já foram dizimadas por luta religiosa? E mesmo quando não há derramamento de sangue, já percebeu o quanto viveríamos melhor em sociedade se soubéssemos respeitar o quadrado do próximo?

"Fazemos isso pois queremos a salvação de todos!"
A salvação da sociedade só é possível perante a quebra de preconceitos, respeito e tolerância. Ao invés de querer levar seu parente espírita, ateu ou umbandista para sua igreja, olhe mais para você e tente fazer o bem de outra maneira. Afinal, o que mais se tem no mundo são pessoas famintas, crianças sem a alegria de ter um brinquedo, animais abandonados e por aí vai.

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