01/02/2014

O primeiro beijo gay na Globo

O último capítulo de "Amor à Vida", que foi ao ar na sexta-feira 31/01, foi um marco para a Globo e tal do tabu do beijo gay.



Na verdade, não sei ao certo o que levou a emissora enrolar tanto para exibir um simples beijo. Se era medo de ser criticada por preconceituosos ou simplesmente era para conseguir um pico de audiência, o que importa é que finalmente aconteceu. Não foi lá aquele beijaço, mas tal selinho já indica o começo da "Revolução Global", e foi muito importante para a comunidade LGBT.

Em contrapartida, não preciso nem pesquisar ou ir afundo para saber que líderes religiosos fundamentalistas e outras correntes religiosas já estão se manifestando negativamente para com tal cena. Os defensores da "moralidade e dos bons costumes" já arrumaram um prato cheio para destilar suas opiniões recheadas de ódio e preconceito.

O que eu não entendo é essa preocupação excessiva com os homossexuais, como se eles fossem a grande ameaça da sociedade. Assuntos viáveis como corrupção, política, segurança, saúde, educação e respeito não ganham tanto destaque como a amor entre duas pessoas do mesmo sexo ganha. Isso é, no mínimo, hipócrita. Quando o amor choca mais do que a perda de uma pessoa provocada pela violência, ou do que o descaso da saúde e educação pública, é sinal que os valores estão, de fato, invertidos.

A alienação religiosa é tão grande, que os muitos religiosos abrem mão do amor ao próximo. Ignoram o princípio de liberdade do ser humano, de que cada um é livre para seguir a religião/doutrina que quiser, e, se a sexualidade fosse escolha, ter a sexualidade que quiser. É inútil utilizar nossas ideologias religiosas para julgar ao outro.

E antes de dizer "Eu tenho o direito de ser contra a homossexualidade", estude, pesquise sobre o assunto. Não fique só na teoria "Deus fez homem e mulher...", busque entender cientificamente a homossexualidade. Converse com homossexuais. Não podemos criticar aquilo que não conhecemos. E esses discursos preconceituosos de "homens da fé" não são conhecimento algum. Como a própria palavra diz, são pré-conceitos.

Voltando à novela, tenho de parabenizar o autor Walcyr Carrasco, não só pela coragem, mas também pelo ótimo capítulo final. Apesar da novela como um todo, ter sido fraca, cheia de incoerências e furos de roteiros, o final foi belíssimo e emocionante. Carrasco acertou em cheio ao fazer a conclusão que o público queria, bem à moda novelão. (Confesso que não ando vendo novelas, assisti os 3 primeiros meses de "Amor à Vida", mas depois só voltei a ver na última semana, pois ficou praticamente indigerível ver as forçadas de barra e situações insuportáveis). Ressalvo a cena da morte de Aline, que foi caricata ao extremo.

Como homossexual, foi muito importante e tocante para mim, ver o beijo gay entre Niko e Félix. Mais importante ainda, foi ver que o amor e o sofrimento juntos venceram o preconceito que o pai tinha pelo seu filho gay. Uma linda redenção. Um final que ficará marcado pela história.

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