04/03/2014

A Geração da Inconsequência




Pois é, meus caros leitores... A juventude de hoje está uma merda. E quem escreve isso sou eu, um jovem de 23 anos de idade.

Dá para contar no dedo em meu círculo de conhecidos jovens, aqueles que levam a sério seus empregos e/ou estudos, que utilizam dinheiro e tempo com racionalidade e demonstram apego para com seus familiares e companheiros. Porém, os que são irresponsáveis, que chegam tarde no trabalho, só querem saber de diversão e pegação, além do consumo excessivo de drogas e/ou bebidas e que, ainda por cima, vivem com as contas bancárias no vermelho, aahhh... esses eu perco a conta.

Tudo bem, sabemos que todos nós precisamos de diversão, de uma baladinha ou de uma bebidinha social com nossos amigos. Mas não podemos deixar de lado nossas responsabilidades. Mais do que tudo, precisamos viver em um processo ininterrupto de evolução intelectual. Ou seja, não podemos abdicar de uma boa leitura, de um bom filme, de uma boa música. A arte é essencial na vida de qualquer pessoa. Aquele que esnoba a arte tem fortes tendências de ser um alienado, babaca e irresponsável.

Me chega a dar asco aquela pessoa que não consegue pagar as próprias contas, pois vive metido em festas e baladas em todo o final de semana. E se tiver uma chance de ir no meio da semana, pode crer que eles não perdem. Para piorar, geralmente essa pessoa busca em festas excessivas e prazeres passageiros tentar amenizar suas tristezas e problemas pessoais. É assim que nasce a futilidade (além da inconsequência).

Artistas e intelectuais amenizam seus sentimentos negativos na arte, descrevendo um livro ou uma canção. Ou até mesmo pintando ou assistindo a bons filmes. Babacas, por sua vez, só pensam em se divertir, divertir e divertir.

Você que é jovem ou tem muitos conhecidos jovens: contem quantos tem o hábito da leitura, ou que gostam do cinema clássico ou curtem uma música de qualidade? Posso garantir que os dez dedos de suas mãos serão mais do que suficientes para essa contagem.

Então, Matheus, você afirma que o nível intelectual de uma sociedade está ligada mesmo às manifestações da arte? Sim, afirmo e reafirmo.

Quer um exemplo? Veja na música. Músicas com letras fúteis e sem conteúdo fazem sucesso estrondoso em nosso país, por exemplo. Agora músicas profundas, com letras bem escritas, acabam sendo ofuscadas por tanta futilidade. Há algumas décadas atrás, a juventude acompanhava Legião Urbana, Aborto Elétrico, Cazuza... Hoje, por sua vez, dão Ibope à "Lepo Lepo" ou "Ai se eu te pego"... Reflexo da decadência da educação em nosso país. Reflexo da corrupção de nossa política doente, que se preocupa em dar assistencialismo barato para a população ao invés de investir em projetos não só de ordem econômica, mas sim cultural e educacional. Afinal, é muito fácil dar dinheiro do que educação ao povo, não é mesmo? Povo com dinheiro gasta e movimenta a economia. Povo com educação não elegeria eles. É isso que faz toda diferença.

Vamos observar agora as redes sociais. Você posta uma reflexão ou frase bem elaborada no Facebook. Essa postagem vai ter uma ou outra curtida. Agora veja a postagem daquele cara ou garota que postou foto seminu. Quinhentas curtidas a mais do que sua postagem. E outra pessoa postou:

"Hoje eu vou ferver";

ou

"Tô querendo fazer sexo";


E outra, que adora frases clichês, postou:

"Vem nim mim sextaaaaa!!!"

ou

Frases típicas sobre segunda-feiras.

Ganhou 1000 curtidas!

Poxa, Matheus! Você é bem careta, hein?!

Não, lógico que não. Eu não veria nenhum problema de uma pessoa postar ou curtir frases clichês sobre sextas ou segundas-feiras, desde que valorizasse, também, postagens reflexivas, sérias, interessantes...

Outro detalhe crucial é a tecnologia. Esta poderia servir para interligar mais os jovens, ou as pessoas em geral mesmo, com a arte, com a educação. Mais uma vez INFELIZMENTE, o efeito foi contrário. E bem contrário. Os jovens não utilizam a Internet, em momento algum, para algo verdadeiramente produtivo. E a chegada desses celulares modernos e tablets então, piorou mais ainda. Os jovens não desgrudam os olhos das telas de seus equipamentos, ignorando trabalho e estudo e ainda esquecem que sua vida está passando rápida, sem produtividade alguma, apenas com futilidades que nada agregarão em valores.

Para concluir o meu pensamento, vou utilizar a minha filosofia de vida, a qual julgo a ideal: a filosofia do equilíbrio, que poucos usam. Alimentação, estudo, trabalho, diversão... tudo deveria ser equilibrado na vida de todos. Mas essa geração "I" (de Inconsequente), cada vez deixa o futuro de nossa sociedade mais preocupante.

Um comentário:

  1. Méthys concordo com você, que a arte, a cultura, o lazer, o esporte, sem dúvida, transforme a sociedade e de uma forma, direta ou indireta, contribui imensamente para o crescimento intelectual, espiritual, emocional de cada individuo.
    Recentemente eu estava lendo uma matéria publicada em uma revista interna do SESC, onde fizeram uma pesquisa para saber sobre os gostos, hábitos culturais e a frequência que essas atividades são praticadas entre os brasileiros.
    A pesquisa revelou questões, como por exemplo:

    - O maior meio utilizado para acesso a informações, de acontecimento sobre a cidade em que reside, Brasil e no mundo é através da TV aberta.
    A TV aberta, apesar da internet, ainda represente forte meio de comunicação e acesso a cultura.
    Contudo, ela modela e controla a forma de pensar de seu público, bem como contém explosões de manifestações culturais e a formações de públicos de cultura.

    - A pesquisa revelou também que, sobre os hábitos culturais, a maioria das pessoas entrevistas, 6% frequentam shoppings (1 lugar), 5% vão ao cinema (2 lugar) como atividade culturais nas horas livres e dentre outras, 51% não fazem NENHUMA atividade cultural. Sobre a frequência, a pesquisa revela que 22% dos entrevistados nunca foram no cinema na vida e 31% nunca leram um livro, ou por que não gostam ou por que não tem o costume.

    Dentre os motivos, estão, o alto preço para uma sessão de cinema ou teatro, dificuldade de acesso (muito longe da residência e por isso a baixa frequência), e mesmo uma questão de tradição familiar.
    A pesquisa mostra que pouquíssimas famílias levam seus filhos ao cinema ou ao teatro e que é comum, que muitas vão ao teatro ou cinema pela primeira vez, através de passeios com a escola.
    Então, de uma forma geral a “culpa” de uma sociedade sem interesses culturais (são inúmeros, não só exposições de arte, leitura, etc) esta ligada e diversos fatores, como falta de locais de acesso à cultura (teatros, centros de arte e de exposições culturais, manifestações artísticas), falta de educação que propicie o interessa à culturas diversas ( e isso a mídia e o governo , ao longo das últimas décadas, tem controlado para que as pessoas continuem “alienadas”), falta de condições que facilitem o acesso à cultura ( preço de ingressos, transporte coletivo de qualidade e de preço baixo ).

    A revolta nos consome, de fato, mas mais do que nos revoltarmos e julgarmos, precisamos tentar entender além do nosso julgamento de valor, o que acontece à nossa volta.
    Estamos vivendo um momento histórico, em que a sociedade esta acordando e mais que isso, agindo, se manifestando contra todo o descaso, a falta de tudo, toda a precariedade.
    Uma sociedade que muitas vezes não sabe ao certo como agir, que põe fogo em ônibus, que quebra bancos, mas que esta tentando ser vista e ouvida.

    Parabéns pelo Blog ! Acho muito importante expressar seus pensamentos, compartilhar ideias. A gente cresce muito com isso.

    Beijo ;)

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