18/11/2014

[CINEMA] Crítica: Corpo Fechado

AVALIAÇÃO: 7,5/10

Unbreakable, 2000. Direção: M. Night Shyamalan. Elenco:  Bruce Willis, Samuel L. Jackson,  Robin Wright .



No cinema, assim como é em qualquer outra área, ao se realizar um grande feito uma bagagem pesada é posta sobre as costas do realizador. Nesta bagagem encontram-se as cobranças e expectativas para o futuro. Shyamalan sentiu bem esse peso após nos presentear, em 1999, com o filmaço "O Sexto Sentido" ao entregar, um ano depois, "Corpo Fechado".

Para o bem e para o mal, Unbreakable apresenta inúmeras semelhanças ao sucesso anterior do cineasta indiano. Entre elas, as mais notáveis são a escalação novamente de Bruce Willis para o papel principal, a fotografia sombria, o ritmo lento, a paranormalidade e, claro, um final surpresa. Portanto seria impossível não comparar as obras entre si.

Willis mais uma vez comprova todo o seu talento em um papel dramático. Sua qualidade e carisma contribuem para que sua atuação seja o ponto mais alto da película. Os aspectos técnicos como a fotografia e tomadas de câmera bem sacadas funcionam novamente de maneira bem satisfatória. E mesmo com o ritmo da história fluindo de maneira lenta, Shyamalan consegue criar uma atmosfera envolvente o suficiente para que o espectador passe bem longe de bocejar. As referências aos heróis de quadrinhos são bem interessantes, assim como os detalhes bem bacanas perceptíveis caso seja apreciado com maior atenção (repare bem no personagem de Samuel L. Jackson e seu apelido).

Os problemas do filme se encontram exatamente em uma das suas estruturas mais elogiadas: no roteiro. O personagem David Dunn (Willis) sai como único sobrevivente (e sem nenhum arranhão) de um acidente de trem e começa a desconfiar, com a ajuda de Elijah (Jackson), que possui algo que o diferencia das outras pessoas. O desenrolar de descobertas posterior a este acontecimento faz emergir uma série de questionamentos na cabeça do espectador, sendo "como ele não percebeu isso antes?" o principal deles. Em outros momentos, o roteiro chega a ser esquemático (a parte em que Dunn cai na piscina foi a que mais me evidenciou isso). O final surpresa é um ótimo tempero para a obra no geral, mas aqui ele não chega a causar um impacto tão forte como foi em "O Sexto Sentido".

Portanto, mesmo com uma ótima atuação de Willis, uma apurada parte técnica, um interessantíssimo argumento e o final surpresa, "Corpo Fechado" se apresenta como uma obra menor (ainda assim muito boa), ainda mais quando posta ao lado de "The Sixth Sense". Essa comparação pode até parecer injusta, mas como disse no começo no texto, acaba sendo inevitável e justamente por isso sua recepção entre os críticos e espectadores foi tida com certa dose de decepção. 

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