18/11/2014

[CINEMA] Crítica: Onde os Fracos Não Têm Vez

AVALIAÇÃO: 7,5/10,0

No Country for Old Men, 2007. Direção:  Ethan Coen, Joel Coen. Elenco: Tommy Lee Jones,  Javier Bardem, Josh Brolin.




Texto publicado em 11/11/2012 no site CinePlayers.

"Adaptação do livro de Cormac McCarthy, obra dos Irmãos Coen entra na lista dos filmes mais supervalorizados da história do cinema."

Alguém acha uma maleta cheia de dinheiro e o verdadeiro dono dela vai em sua busca, em uma caçada de gato e rato. Este argumento, por si só, já é batido demais. Porém, os Irmãos Coen colocaram uma pitada de "os tempos mudaram" em sua narrativa, sob o ponto de vista de um velho (e incompetente) Xerife, para tentar fugir do clichê. Isso seria bem interessante se fosse melhor explorado, uma vez que só se evidencia no começo e no final da trama.


Para piorar, o desenvolvimento do filme é carregado de falhas. Chega a ser patético o fato do bandido Chigurh (Javier Bardem) encontrar Llewelyn Moss (Josh Brolin), o portador da maleta, em qualquer lugar. No início, tal fato é justificável devido a maleta ter um localizador escondido, mas e depois que o mesmo é descoberto e retirado dela? Sem falar que estou até agora sem entender a parte em que Moss esconde a maleta no duto ventilação de um hotel e depois pega outro quarto, fazendo uma tremenda gambiarra para retirá-la. Lembrando que até essa cena ele não sabia da existência do localizador. Outra interrogação que ficou em minha cabeça foi: por que diabos uns assassinatos são mostrados e outros não? Se o objetivo foi o de tornar a trama mais complexa, não funcionou. E a maneira pela qual o veterano Xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) é inserida na história, leva o espectador a questionar sua competência, chegando atrasado nas cenas dos crimes e sem falar que, em certo momento, ele vê os bandidos fugindo e prefere parar para ver o que aconteceu do que persegui-los.


Mas há também muitos pontos positivos na obra dos Coen. O mais destacável é a magistral atuação de Javier Bardem, que dá um tom assustador ao seu mitológico personagem, e faz muitos estragos apenas com um tubo de pressão para matar gado. A interpretação de Bardem e a caracterização de seu personagem faz o mesmo entrar na lista dos melhores vilões da história do cinema. O Oscar de melhor ator coadjuvante foi merecidissimo ao contrário dos outros 3 que o longa foi premiado. Falando em atuações, é sempre muito bom ter Tommy Lee Jones no elenco. Aqui, apesar de achar que o mesmo foi mal aproveitado, sua presença dá um charme a mais. Josh Brolin dá para o gasto, em uma atuação que não exige muito. O filme também contém alguns, digo alguns, diálogos interessantes e reflexivos. E quando existe o nome de Roger Deakins envolvido numa produção é certeza que temos uma fotografia magnífica e aqui, colabora para aumentar o tom sombrio e de suspense em algumas cenas. A mais memorável delas é a que Moss está em um hotel, percebe que Chigurh está lá, apaga a luz e fica com a arma apontada para a porta, observando os vultos do corredor pela soleira. Esses pontos salvam a produção do pior.


Quando o filme acaba (e por sinal o final é muito fraco), ficamos com a sensação de que "Onde Os Fracos Não tem Vez" poderia ter sido bem melhor. O rascunho é excelente, apesar da historinha clichê, mas contém furos gritantes de desenvolvimento. Existem detalhes no cinema que podem ser ignorados com facilidade e infelizmente isso não acontece aqui.
Talvez, o mais decepcionante foi ver este ganhar de "Sangue Negro" na disputa pelo Oscar de melhor filme. Definitivamente, a principal premiação de cinema do mundo não serve mais como referência de qualidade.

Um comentário:

  1. Concordo até certo ponto, pois achei o filme ótimo até quase o final, mas o final do filme é realmente altamente frustrante. Foi como perder um jogo "ganho" nos últimos minutos dele. Me arrependi de o ter visto, apesar das suas muitas qualidades.

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