10/08/2014

Escola não é igreja!

Lembro que, no primário, minha professora levou toda a turma para assistir a um filme na sala de TV. Não era um filme como outro qualquer que já havíamos visto antes (animações clássicas de "Branca de Neve", "Alice", "Pinóquio", entre outros), mas sim de um "drama", com personagens "reais". O roteiro era sobre um casal, onde um deles era temente a Deus e o outro não. O que não era temente sofreu um acidente, acabou morrendo e pagando caro por "não aceitar a Deus e Jesus", indo diretamente ao inferno.

Hoje, crescido e com opinião formada, compartilho com a mesma indagação de qualquer pessoa que tenha bom senso: Que raios leva uma professora fazer crianças indefesas e cruas de opiniões próprias a assistirem um filme desses?

Primeiramente, assim como pais que ameaçam seus filhos com castigos e palmadas, educá-los através do medo também em outros assuntos como a religião, por exemplo, é o pior caminho para formação de qualquer criança. Um filho não tem que ter medo de seus pais, mas sim, respeito. E engana-se muito quem pensa que medo e respeito andam juntos. Existe uma grandiosa distância entre as duas palavras. Quem educa uma criança através do medo está a incentivando a ter uma adolescência revolta, que pode gerar muitas dores de cabeça no futuro.

Agora, inserir a religião através desse mesmo método (do medo) é algo não só nocivo ao psicológico de uma criança, mas sim para toda a sociedade. É o melhor instrumento para a construção de um povo alienado. Já seria grave a utilização desse método por parte da família, mas quando isso começa a ocorrer em escolas públicas, o sinal vermelho deve ser ligado. Por sinal, ele está ligado há muito tempo.

Religião e educação escolar não combinam. Nem aqui e nem em qualquer outra nação. Só seria viável o ensino da religião em ambiente escolar, caso todas as religiões existentes fossem abordadas, de maneira neutra, claro. Vivemos em uma sociedade plural. Plural em raças, religiões, ideologias, etc. Esse pluralismo tem de ser respeitado para o bem estar de todos.

Está muito claro, a todos que queiram enxergar, que existem muitos líderes de denominações religiosas (sendo que a evangélica é bem mais evidente) almejando o domínio e controle do país. Alienando o povo através de seus pontos fracos (todos eles decorrentes do medo), esses líderes estão se infiltrando na mídia e na política, sedentos pelo poder.

É por conta disso que atitudes como a do vereador de uma cidade de interior de SP, que elaborou uma lei para obrigar a leitura da Bíblia nas escolas públicas, devem ser combatidas. Mais do que isso, devem gerar repulsa aos defensores de um Estado livre, onde as pessoas tenham a liberdade de escolher e viver da maneira que bem entender.

Aos defensores das intervenções religiosas ao Estado, vai uma frase para reflexão: Uma pessoa que precisa temer o inferno e desejar o paraíso para ter boas atitudes, não é, essencialmente, uma pessoa boa, mas sim um alguém medroso e fraco.




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