06/10/2014

Raio-X das eleições: o gigante continua roncando.

Imagem coletada da Internet.


Queria registrar, primeiramente, a quantidade de erros que as pesquisas eleitorais, principalmente as referentes a Governadores, tiveram esse ano. Diferenças grotescas até mesmo na famosa pesquisa de boca de urna.

O caso mais grave foi no RS. Na pesquisa de véspera às eleições do dia 5, feita por certo instituto, Tarso Genro (PT) aparecia na liderança com 35% das intenções; Ana Amélia (PP) aparecia em segundo lugar, com 27% e Jose Ivo Sartori (PMDB) em terceiro com 20%. Um dia após, a boca de urna apontou um empate técnico na disputa pelo segundo turno com Tarso Genro. O petista apareceu com 36% e José Ivo e Ana Amélia, com 29% e 26% respectivamente. Porém a apuração dos votos mostrou um cenário completamente diferente:

1º) José Ivo Sartori: 40,40%;
2º) Tarso Genro: 32,57%;
3º) Ana Amélia: 21,79%.

Outra diferença gritante foi no Rio de Janeiro. A pesquisa de véspera, apontava um segundo turno entre Pezão (PMDB) e Garotinho (PR). O peemedebista aparecia com 31%, Garotinho com 23% e Marcelo Crivella (PRB) tinha 17% das menções.. Com relação aos votos válidos, os candidatos tinham, respectivamente, 37%, 27% e 20%. Para surpresa de todos, Garotinho ficou de fora do segundo turno, com Crivella conseguindo a vaga. Resultado oficial:

1º) Pezão: 40,57%;
2º) Crivella: 20,26%%;
3º) Garotinho: 19,73%.

Na Bahia, uma pesquisa de véspera, apontou Paulo Souto (DEM) e Rui Costa (PT) empatados com 46% dos válidos, cada um. O resultado foi:

1º) Rui Costa: 54,53%;
2º) Paulo Souto: 37,39%.

Essas e outras discrepâncias apontam que muitos eleitores mudam de opinião na urna ou são as pesquisas que podem ter sido prejudicadas por critérios estatísticos equivocados? Impossível responder. Ao menos, temos a prova que não podemos confiar plenamente em resultados de pesquisas.

Enfim, estatísticas a parte, vamos ao meu raio-x dos resultados.

No Estado de São Paulo, a maioria esmagadora reelegeu Alckmin em 1º turno, sequer dando chance a um debate e análise mais profundos para um 2º turno. Será que o governo do PSDB está tão maravilhoso e os problemas inexistentes para termos esse resultado? A resposta é não. O problema da falta d'água não é apenas por causa da falta de chuvas. Há anos o governo do Estado foi alertado para a possibilidade disso ocorrer. O que foi feito? Nada. A população no Estado vem crescendo em larga escala e nada também foi feito para ampliar a captação/tratamento de água. A equação é simples: estiagem + falta de planejamento = caos. Fora isso, temos problemas com obras paradas, denúncias sobre formação de cartel nas obras do metrô, segurança pública ineficiente (crescente número de homicídios, furtos e roubos) e fechamento de mais de 1.300 leitos do SUS no Estado, no período de 2010 a 2013¹. Uma pesquisa recente do Instituto Datafolha apontou que 48% dos paulistas aprovam o governo do tucano. O resultado das eleições demonstra que quase 10% dos eleitores votaram no peessedebista mesmo não estando satisfeito com o mesmo. A resposta para isso vemos nas redes sociais. Pensamentos como “tudo menos o PT” refletem muito a respeito da ignorância política de nosso povo, que não quer enxergar que a política brasileira não se resume apenas ao PT e PSDB com suas respectivas alianças. Desconhecem e fazem questão de ignorar partidos menores. Vejo paulistas criticando os eleitores do Nordeste como se tivessem moral para isso, ainda mais se consideramos os deputados federais eleitos pelo Estado: Tiririca, que é uma boa pessoa, mas não tem capacidade política, ficou com mais 1 milhão de votos (voto burro de protesto); a eleição de religiosos fundamentalistas alerta para uma corrente perigosa à laicidade do país; e pela pouquíssima, quase inexistente, renovação idealista do Congresso. É assustadora a quantidade de pessoas que votam só porque um líder religioso pediu para votar em candidato x, ou que pegam um santinho no chão e usam como cola, ou votam devido o número eleitoral ser facilmente memorizável… Se fizermos então um levantamento de quem acompanha o candidato em que votou, creio teremos cerca de 98% de respostas negativas. Aliás, ano que vem se sairmos perguntando em quem as pessoas votaram para os cargos de deputado, a grande maioria nem se lembrará. A imaturidade política é um problema nacional e não regional.


Essas eleições mostraram que a maioria dos cidadãos que saíram às ruas em 2013 foram apenas por entrarem na “onda”, sem qualquer compromisso com a política brasileira. A principal ferramenta de protesto, o voto, não foi utilizada. O gigante não acordou. Continua dormindo em sua zona de conforto. As pequenas militâncias precisarão manter suas lutas, pois a esperança é a última de morre, mesmo estando na UTI em estado grave.

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